quinta-feira, 30 de abril de 2009

Visões de Brasília

Esta é a vista que se tem de um barranco que tem perto do meu trabalho. Na minha opinião é uma das melhores paisagens que ainda há na cidade. Ao fundo vê-se o Lago Paranoá abraçando este projeto de metrópole.

Podemos tirar duas coisas aqui: que uma foto não passa a mesma sensação de estar admirando a paisagem no local e/ou que sou um fotógrafo medíocre.

Independente disso, aproveitem antes que isto vire a Quadra 4 do Setor de Autarquias Norte.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Curtinhas - O livro perigoso

Fiodor Dostoiévski

Tenho adquirido uma compulsão por comprar livros que tem crescido em progressão geométrica, semana passada mesmo comprei mais um.

Neste fim de semana estou eu descansando em casa quando minha mãe vem falar comigo. Segue o diálogo:

Mãe: - Júnior, você já andou comprando livro né?

Eu: - Sim, por que?

Mãe: - Tem um ali que eu não gostei.

Eu: - Ué? por que?

Mãe: - O nome, tem cara de ser mutio violento, e ainda fala de crime.

Eu (segurando o riso): - Mas o que é que tem a ver?

Mãe: - A história é sobre violência não é? Que tipo de crime que tem? Não quero você lendo esse tipo de livro não.

Em tempo: o livro em questão é este aqui.

E os créditos da foto estão aqui.

sábado, 25 de abril de 2009

O Sr. Yamaguchi

Este homem sobreviveu a duas bombas atômicas!

Tsutomu Yamaguchi é um japones que tinha 29 anos em agosto de 1945, último mês da segunda guerra mundial, na qual seu país estava envolvido. O Japão já havia sido invadido pelas tropas americanas e sua rendição já considerada inevitável era questão de dias.

Viajando para tratar de negócios, o Sr. Yamaguchi estava em Hiroshima no dia 6 daquele mês, uma segunda-feira. Mal sabia ele o que ocorreria aquele dia naquela cidade. Eram aproximadamente 8:15 quando o B-29 americano Enola Gay lançou a bomba atômica "Little Boy" sobre a cidade. A bomba explodiu a 600m do solo, mas foi o suficiente para praticamente varrer a cidade do mapa e matar imediatamente perto de 80.000 pessoas e mais 10.000 após por diversas causas.

Maquete de Hiroshima antes

Maquete de Hiroshima depois

O Sr. Yamaguchi não entrou nesta estatística. Sobreviveu é verdade, mas sofreu sérias queimaduras no peito e nas costas e foi medicado em um abrigo antiaéreo. Ainda sem saber o que havia ocorrido pegou um trem no dia seguinte para voltar à cidade onde morava, Nagasaki.

Não se sabe o que o Sr. Yamaguchi estava fazendo na quinta-feira, dia 9. So o que se sabe é que às 11:00 Outro B-29 americano soltou outra bomba atômica (a "Fat Man") sobre uma cidade japonesa, justamente a que este senhor se encontrava. A título de curiosidade, o alvo escolhido era a cidade de Kokura, mas o mau tempo por lá fez a missão mudar o alvo para a segunda cidade da lista.

Foram 40.000 mortos na hora e outros tantos milhares por consequências da explosão.

O que sobrou de Nagasaki

E mais uma vez o Sr. Yamaguchi escapou de entrar na estatística, e olha que nas duas explosões ele estava em um raio de três quilômetros do epicentro.

Hoje ele é um senhor de 93 anos que viu muitos dos sobreviventes da bomba morrerem de cancêr, problemas do fígado e outras sequelas deixadas pela exposição a radiação. Seu filho inclusive, um bebê na época, morreu aos 59 anos. Já este japonês atualmente goza de boa saúde e só se queixa de perda da audição em um dos ouvidos e de fraqueza nas pernas.

O Sr. Yamaguchi já era considerado um hibakusha, nome dado às pessoas que foram afetadas pela radiação das duas bombas, por conta da explosão em Nagasaki. Agora no mês passado o governo o reconheceu como vítima também da bomba em Hiroshima, se tornando o primeiro homem conhecido que sobreviveu a duas bombas atômicas. As pessoas que são reconhecidas como hibakusha tem direito à compensação financeira, atendimento médico gratuito e auxílio funeral, porém o Sr. Yamaguchi não terá seu direito dobrado por ter sobrevivido duas vezes.

Este senhor é um exemplo de como se pode ter azar e sorte ao mesmo tempo. Azar por estar no local de dois ataques de bomba atômica e sorte por ter sobrevivido às duas.

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Veja a matéria publicada no site do jornal Zero Hora.

***



Atualização: Achei esta reportagem que passou no Fantástico:

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Grandes impérios que ruíram

Júlio César*, Napoleão Bonaparte, Adolf Hitler e Emílio Médici**: Em comum o julgamento de invencibilidade e menosprezo aos inimigos.

Para quem vive nos tempos atuais não passa nem pela cabeça que em vários momentos da História houveram grandes impérios que subjugaram diversos povos, conquistaram dimensões continentais sob seus domínios e possuíam exércitos tão poderosos que amedrontavam seus inimigos apenas com sua aproximação tamanha desvantagem que se sobrepunha. Em suma, as pessoas, e principalmente seus governantes, possuíam razões de sobra para julgarem que não haveria ninguém que fizesse frente à sua força e suas conquistas e, por isso, este domínio seria eterno.

Na antiguidade houve vários grandes impérios, como por exemplo o que esteve sob domínio de Alexandre, o Grande. Mas nenhum deles se compara ao que foi o Império Romano. Seu grande poderio militar fez com que seu território se estendesse desde a península ibérica até próximo da região do atual Irã, dimensões continentais que para o mundo que se conhecia na região à época poderia significar o dominio sobre quae todo o planeta. Seus avanços em diversas áreas formou uma civilização de bases sólidas, diferente dos povos tribais que ainda não estavam sob o controle do império, os quais os romanos chamavam de bárbaros. Pois não compartilhavam do modo de vida romano.

Pois com o passar dos anos assumiram vários imperadores que por se julgarem tão invencíveis estariam acima do bem e do mal, vieram a adotar postura tirânica no modo de governar, além de levarem uma vida promíscua e sem limites. Isso fez com que vários líderes começassem a questionar o governo central e começassem a fragmentar o mpério. Foi um prato cheio para os bárbaros, que pouco a pouco, durante três séculos, foram reduzindo o poder de Roma até a sua queda em 476 d.C. Destino semelhante ocorreu com Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente em 1453, quando foi tomada pelos exércitos otomanos.

Muitos séculos depois, outro grande império começou a se formar quando em 1899 Napoleão deu o golpe de 18 brumário no governo revolucionário francês. General de grande prestígio e notável estrategista, Napoleão conduziu seus exércitos para conquistar quase toda a Europa Ocidental, parecia que nada poderia deter a França a conquistar toda a Europa.

Porém seu estilo de déspota e as guerras que pareciam intermináveis começavam a causar descontentamentos em pleno solo francês. Além disso mais uma vez surgiu o sentimento de invencibilidade. Ao invadir a Rússia julgou estar conquistando mais uma presa fácil, mas ao chegar em Moscou encontrou uma cidade já arrasada pelos seus moradores. Sem abrigo e sem recursos que achavam obteriam a o saquear a cidade o exército francês pereceu sob o frio do inverno russo até quase ser totalmente aniquilado. A partir daí as nações aliadas viraram o jogo até culminar na batalha de Waterloo.

Já no século XX, acontece a ascensão do nazismo, ideologia que pregava o armamentismo e a superioridade racial dos alemães sobre as demais raças teve sua chegada ao poder na década de 30 com Adolf Hitler. Sob seu comando a Alemanha propagou uma campanha de perseguição a judeus, negros, ciganos, homossexuais, opositores do regime entre outros que eram julgados inferiores. Também era necessário garantir o dito espaço vital para assegurar o domínio alemão. E de conquista em conqusita parecia que a europa iria perecer aos pés do terceiro reich, que, segundo as palavras de Hitler, seria um reich que duraria mil anos. Ingleses e franceses não seriam páreo nem mesmo se se tornassem uma nação só.

Pois Hitler e seus generais cometeram os mesmo erros que Napoleão cometera um século antes e invadindo a mesma Rússia. O revés no inverno russo iniciou a reviravolta na guerra onde russos ao leste e ingleses e a resistência francesa (a França estava sob domínio nazista), junto com os Estados Unidos, à oeste foram pouco a pouco libertando a Europa e descobrindo as atrocidades cometidas pelos seguidores de Hitler. Outro grande "império" se esfacelava.

Há também exemplos no Brasil. A ditadura que se instalou no poder em 1964 começava a ser confrontada com a oposição da sociedade civil, natadamente de estudantes e partidos de esquerda. A solução encontrada pelo governo foi a criação do AI-5, que recrudesceram o regime e sufocava qualquer opinião contrária ao mesmo. Não restou outra saída à esquerda senão pegar em armas, mas não foi o suficiente para ameaçar consideravelmente o poder. Somando-se a isso o dito "milagre econômico" do início da década de 70 parecia que os militares eram grandes estadistas que estaam levando o país a se tornar uma potência.

Mas veia crise do petróleo e os investimentos que financiavam o "milagre" começaram a ficar escassos. Para manter o crescimento e justificar a manutenção do regime começou-se a tomar empréstimos um atrás do outro. Óbvio que isso aumentaria a dívida pública a um ponto que não houvesse mais garantias para novos financiamentos, e começou aí uma crise econômica que, além de tornar a ditadura insustentável até o seu fim em 1985, levou pelo menos 20 anos para que se pudesse dizer que a mesma estava totalmente controlada.

A lição que isso nos traz é que nada no mundo é invencível e/ou superior o suficiente que pareça ser eterno. Faz parte da matureza esta mutabilidade constante. Que estes grandes fatos históricos nos mostrem que nenhuma grande conquista é eterna, e que aqueles que julgamos inferiores podem ser nossos algozes no futuro.

*Apesar de ter sido líder político durante a República, Júlio César ilustra este texto por ser símbolo da expansão máxima de Roma.
**Emílio Médici não foi deposto, mas foi o presidente durante o período de maior repressão durante a ditadura.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Brasília 49 anos

Para celebrar o aniversário da capital moderna do país, selecionei alguns vídeos coletados no Youtube.

São gravações antigas tanto da construção quanto dos primeiros anos da cidade, que servem para nos fazer refletir sobre a capital do presente.

O primeiro vídeo é um documentário histórico: Brasília Segundo Feldman, de Vladimir Carvalho e Eugene Feldman, com gravações do segundo e reunião e restauração do primeiro. Um grande documentário que retrata muito bem o pico das obras da nova capital.

Parte 1



Parte 2



Esses vídeos são gravações de 1967.







E pra finalizar, trechos do filme O Homem do Rio, de Jean-Paul Belmondo, gravados na recém inaugurada capital.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O mimeógrafo


Estou reorganizando algumas coisas em casa e para isso precisava comprar alguns apetrechos de organização típicos de escritório como caixas arquivo e porta-revistas, então fui numa loja do ramo atrás dessas coisas e de mais alguma coisa que julgasse que poderia ser útil.

E nisso, no início da semana, estou eu promovendo uma exploração no meio das prateleiras da loja quando sou surpreendido com a presença um produto a venda com um nome estranho - duplicador. É meio tucanado como diria José Simão, mas o aparelho me parecia possuir um aspecto familiar. Aí li na caixa pra que é que a geringonça servia: tirar cópias usando álcool e papel estêncil, ou seja, estava diante de um mimeógrafo.

Até parece que foi ontem quando pela primeira vez tive contato com um aparelho desses na escola, mas pra falar a verdade esse "ontem" já tem uns vinte anos e eu ainda debutava no ensino fundamental (que ainda era primeiro grau, CBA, como queiram) na Escola Normal de taguatinga, outra coisa que o tempo eliminou - o ensino normal.

Foi a primeira vez que estudava longe de casa, digo longe o suficiente para que uma criança não tivesse condições de se deslocar sozinha para lá. Por conta disso pegava carona com minha professora Josefina na sua marajó cinza, tanto pra ir quanto para voltar.

Quando acabava as aulas chegava a hora de ir embora, quer dizer, para os outros pois como ia embora com a professora tinha que esperá-la, às vezes na sala de professores. Era lá que ficava o mimeógrafo da Escola de Aplicação. Pois é, o nome era esse, pois algumas vezes as normalistas acompanhavam as aulas, acredito que fazia parte do aprendizado delas.

Ao rever a máquina na loja depois de tanto tempo me lembrei de quando a via funcionar. Era nese período de espera que a traquitana mais trabalhava, era a hora que as professoras tinham disponível para operá-la, e lá saíam as folhas que seriam nossos exercícios e provas, encharcadas do álcool utilizado pela máquina para a impressão e que impregnavam o ambiente deixando um odor bem característico.

Esta é mais uma daquelas máquinas que a tecnologia aparentemente aposentou, digo aparentemente pois senão não teria um aparelho novo ali à venda. Porem vejam só, aqui no trabalho mesmo temos uma copiadora que além de xerocar e imprimir, também escaneia e funciona como aparelho de fax entre outras coisas. Imprime ampliado, reduzido, frente e verso, em quadros, mais claro, mais escuro, só falta falar, fazer café e levar as crianças na escola caso tivesse crianças.

Mas o "aparentemente" não se justifica só com isso, o X da quastão está na simplicidade. Numa das aulas da faculdade uma monitora confidenciou que prefere utilizar máquina de escrever a utilizar o Word do computador, porquê, por que ela e a tecnologia e suas milhões de funções não se entendem.

Seja como for, foi bom ter alguns revivals esta semana, porém algo me preocupa. Vejam esta bandeira:



Ao ver várias bandeiras perfiladas na arena do vôlei de praia na Esplanada comecei a mentalizar o nome dos respectivos países. Sem querer, ao ver a bandeira acima veio o nome...

...Tchecoslováquia.

Xiii...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Quem está doente: Adriano ou os outros?

Adriano em versão digital: Fico chateado de tomar essa decisão por causa daqueles garotos que "jogam comigo" no Playstation.*

Por Emir Sader, sociólogo.

Que sociedade é esta que, quando alguém diz que não estava feliz no meio de tanto treino, tanta pressão, tanta grana, tanta viagem, que prefere voltar à favela onde nasceu e cresceu, compra cerveja e hambúrguer para todo mundo, fica empinando pipa – se considera que está psiquicamente doente e tem que procurar um psiquiatra? Estará doente ele ou os deslumbrados no meio da grana, das mulheres, das drogas, da publicidade, da imprensa, da venda da imagem? Quem precisa mais de apoio psiquiátrico: o Adriano ou o Ronaldinho Gaucho?

O normal é ter, consumir, se apropriar de bens, vender sua imagem como mercadoria, se deslumbrar com a riqueza, a fama, odiar e hostilizar suas origens, se desvincular do Brasil. Esses parecem “normais”. Anormal é alguém renunciar a um contrato milionário com um tipo italiano, primeiro colocado no campeonato de lá.

Normal é ser membro de alguma igreja esquisita, cujo casal de pastores principais foram presos por desvio de fundos. Normal é casar virgem, ser careta, evangélico, bem comportado, responder a todas as solicitações e assinar todos os contratos. Normal é receber uma proposta milionária de um clube inglês dirigida por um sheik, ficar pensando um bom tempo, depois resolver não aceitar e ser elogiado por ter preferido seu clube, quando antes ele ficou avaliando, com a calculadora na mão, se valia a pena trocar um contrato milionário por outro.

Considera-se desequilibrado mental quem recusa um contrato milionário, para viver com bermuda, camiseta e sandália havaiana. Falou à imprensa de todo o mundo, disposta a confissões espetaculares sobre o que havia feito nos três dias em que esteve supostamente desaparecido – quando a imprensa não sabe onde está alguém, está “desaparecido”, chegou-se até a dizer que Adriano teria morrido -, buscando pressioná-lo para que confessasse que era alcoólatra e/ou dependente de drogas, encontrar mulheres espetaculares na jogada.

Falou como ser humano, que singelamente tem a coragem de renunciar às milionárias cifras, eventualmente até pagar multar pela sua ruptura, dizer que “vai dar um tempo”, que não era feliz no que estava fazendo, que reencontrou essa felicidade na favela da sua infância, no meio dos seus amigos e da sua família.

Este comportamento deveria ser considerado humano, normal, equilibrado. Mas numa sociedade em que “não se rasga dinheiro”, em que a fama e a grana são os objetivos máximos a ser alcançados, quem está doente: Adriano ou essa sociedade? Quem ter que ser curada? Quem é normal, quem está feliz?

***

Emir Sader é sociólogo e cientista político, sendo ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Seu blog está hospedado no site da Agência Carta Maior.

O testo original encontra-se neste link.

E Adriano passa a ser tema da nova enquete, Você acha acertada a decisão de Adriano de interromper a carreira por tempo indeterminado?

Resultado da última enquete: Na hora de comprar remédios você dá preferência a qual tipo de medicamento?

De laboratório: 50%
De manipulação: 38%
Homeopático: 12%

*Adriano foi capa do jogo Pro Evolution Soccer 6, disponível para várias plataformas de videogame.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Quatro casas na Vieira Souto - Parte 2

O cartão preferido do Daniel Dantas.

Como prova da minha máxima de que tudo que o dinheiro toca vira merda, no primeiro texto dessa série falei como a sanha mercadológica das empresas de brinquedos, já abalada pela concorrência com a indústria eletrônica, conseguiu piorar um panorama que já não estava indo bem: a venda de jogos de tabuleiro.

É só vermos o exemplo mais clássico de todos que é o futebol, que possui regras simples e que foram puquíssimas vezes inalteradas ao longo dos anos e é o esporte mais popular do planeta, enquanto outras modalidades se perdem em mudanças e mais mudanças que confundem os fãs. Até a máxima que retrata isso parece retirada do futebol - em time que está ganhando não se mexe.

Ignoraram completamente isso e o Banco Imobiliário, bem como outros jogos tradicionais, se perdeu em mudanças de regras e versões cada vez mais esdrúxulas.

Pra começar a Estrela que perdeu os direitos do Monopoly ainda fabrica o BI, mas teve que fazer uma leve modificada nas regras e no visual do jogo. Levando em consideração apenas as versões Standard, as principais mudanças ocorreram nos nomes das ruas, que promoveu o que seria um absurdo para a Globo: passar a abranger cidades de todo o Brasil e não só do Rio e de São Paulo como era antes, ou seja, agora é possível comprar casas na Av. Navegantes (Florianópolis), na Av. Recife (Recife) ou até mesmo na Praça dos Três Poderes(!) (Brasília). Além disso as casas agora podem ser empilhadas umas nas outras para formar um edifício e foi promovida uma inflação para Sarney nenhum botar defeito: as notas agora são de 1.000, 5.000, 10.000 e respectivamente até 500.000. A Justificativa dada pela Estrela é a de fazer com que o BI esteja mais próximo da realidade.

Mas se o negócio é se aproximar da realidade, o nome Banco Imobiliário está bem longe dele. Isso se fosse levada em conta a proposta original do Monopoly que, como o nome diz, é construir monopólios e não estritamente loteamentos. Além disos há outras diferenças sutis que podem soar estranho para o brasileiro, como os peões com formatos diferentes uns dos outros (e que parecem totalmente sem noção) e dois tipos de cartas de eventos contra apenas um tipo do BI - o tradicional sorte-revés.

Olhando por este lado a intenção da Hasbro em trazer o original americano para o Brasil pode parecer louvável do ponto de vista lógico. Mas o BI é fabbricado pela Estrela desde a década de 40, então como acostumar um povo a jogar um jogo com regras diferentes? É como pegar jogadores de tênis e colocá-los para jogar badmington.

Alterações à parte, a máxima do primeiro parágrafo se confirma quando vemos a proliferação de versões do Monopoly (Ou do BI, que ninguém é santo), criando o que podemos chamar de Monoxploitation. Neste contexto podemos dividir as versões entre variantes úteis e mero oportunismo. A onda começou quando o jogo ainda estava sob monopólio (com trocadilho, por favor) da Estrela e se iniciou com versões da Disney, Disney-Pixar e Bob Esponja, como foi mostrado no texto anterior. Com a entrada do jogo da Hasbro essas versões passaram para a tutela da empresa americana, que criou novas versões com a dos Simpsons, ou seja, focando em personagens ianques.

Já a Estrela que foi a introdutora da prática no Brasil - havia iniciado criando uma versão "de luxo" para o BI - teve que se adaptar ao resgate dos direitos do jogo feito pela Hasbro, e criou uma versão da brasileiríssima Turma da Mônica, com o mesmo estilo seguido pela concorrente: em vez das tradicionais ruas, locais que remetem às historinhas como Casa da Mônica, Tumba do Penadinho, Caverna do Piteco e por aí vai, sem falar que as cartas de sorte-revés viraram cartas sulplesa.

Agora se no Brasil esta ainda é uma prática incipiente, la nos Estados unidos já passou do limite do abuso. Há versões do Banco (ops. Monopoly) pra tudo quanto é tipo de Série ou coisa famosa (como Star Trek, Star Wars, Seinfeld, Beatles, Nintendo, Senhor dos Anéis, etc.) ou público (tem versão pra fãs de fotografias e animais como gatos, cachorros e até cavalos). Alguns são versões oficiais, outras são criações de fãs do jogo.

Versão do Monopoly para amantes de Gato

Mas nem tudo é inútil, entre versões bizarras há quem bole inovações interessantes. A que chama mais atenção por aí é curiosamente uma negação a tudo que o Monopoly representa. É o Anti-Monopoly, considerado o BI para comunistas. Obviamente diferente do original, o jogo é dividido entre dois tipos de jogadores: “Competitors” (competidores) e “Monopolists” (monopolistas), os primeiros basicamente cobram preços razoáveis no aluguel enquanto os outros cobram preços exorbitantes entre outras práticas, tendo cada lado as mesmas chances de vitória. A Parker Brothers obviamente exigiu o fim da comercialização do jogo, num processo que se arrastou por 10 anos e resultou em 40.000 unidades do jogo enterradas num lixão. Porém duas cortes já deram ganho de causa favorável ao Anti-Monopoly, o que o mantém disponível para venda.

Anti-Monopoly: Salve o seu filho de virar um capitalista selvagem.

Há também inovações "oficiais". A principal delas feita pela Hasbro consiste em uma versão que abole o dinheiro substituindo-o pelo cartão de crédito, que faz tudo que as cédulas faziam no jogo com relação a pagamentos mas com direito até a leitora de cartão inclusa. Também existe uma versão em 3-D criada por outra fábrica, a Reveal, mas o 3-D em questão é uma espécie de tabuleiro 3X1 que possui três níveis de dificuldade, um dentro do outro no tabuleiro.

Monopoly sem dinheiro, só aceita cartão.

Na Terra de Pindorama, o BI ainda não inovou tanto, a Estrela limitou-se a criar versões do jogo com alterações no nome das ruas. Em uma versão por exemplo, as casas são monumentos como o Cristo Redentor, o Memorial às Bandeiras, o Laçador e as Cataratas do Iguaçu, tornando real a possibilidade que tudo quanto é golpista já deu vendendo por exemplo a Ponte Rio-Niterói. Mas há uma versão que está para ser lançada que quer levar o jogo pro lado do políticamente correto: o BI sustentável, que deve estar nas lojas em breve.

Até a caixa é verde, como não poderia deixar de ser.

Já o tradicional Banco Imobiliário Júnior mantém a mesma concepção na Estrela (uma versão com menos ruas). Já a Hasbro cometeu um Monopoly Júnior em que as ruas dão lugar a atrações de um parque de diversões(!), um convite á petizada a ir para o computador jogar Roller Coaster Tycoon.

Sem comentários.

Enfim, as inovações são muito bem vindas e espero que elas estejam disponíveis o mais breve possível no Brasil. Já as versões... essas deveriam ter sido enterradas no lugar do Anti-Monopoly, se bem que a versão da Turma da Mônica até que ficou engraçadinha.

Fonte das informações e imagens: Blog de Brinquedo.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Paixão de Cristo, versão Poço da Panela

Igreja do Poço da Panela

Por Samarone Lima, jornalista e escritor.

O pernambucano é um sujeito obcecado. Quando vai chegando o Carnaval, tudo se torna festa, o ar se torna carnavalesco, não se fala em outra coisa, o comércio se transfigura, para você comprar uma fantasia, precisa enfrentar uma multidão, em lojinhas abarrotadas e calorentas, ali no centro, nas ruazinhas ao lado do Mercado de São José. Os músicos, que passam o ano na magra, tocando aqui e ali, tocam feito uns desesperados (tem saxofonista que termina a festa quase sem beiço), mal têm tempo de comer um queijo com mortadela.

Passado o Carnaval, o pernambucano olha para o lado e busca sua nova obsessão - a Semana Santa, que falarei logo em seguida.

Na época do São João, não se escuta outra coisa, a não ser o velho, obsessivo, fundamental, insuperável forró. Todos os sanfoneiros vivos, semi-vivos e mortos são evocados, relembrados, recuperados, tem sanfoneiro que toca três vezes na mesma noite, o mês inteiro, os dedos tudo inchados, o “arraial” é obrigatório em cada esquina, as cidades ardem em fogueira ancestrais, parece que a vida seria uma marcha patética e triste, rumo ano nada, uma melancolia profunda e celeste, sem um bom forró pé-de-serra e a espiga de milho cozida no barrigão.

Entre o Carnaval e o São João, tem outra obsessão pernambucana: a Páscoa, ou, melhor dito, a Semana Santa.

Tudo na vida de uma pessoa é a Paixão de Cristo, Nova Jerusalém, o eterno Cristo, José Pimentel, a Via-Sacra. Só hoje (vi agora há pouco no jornal), teremos sete apresentações da Paixão de Cristo, em diferentes bairros e cidade, com diferentes Cristos e Marias, apóstolos os mais diversos, interpretados das formas mais intensas. Me interessa muito a Paixão de Cristo no Morro do Peludo, em Ouro Preto, Olinda, de graça.

Os mercados ficam empanturrados de gente, em busca de peixe, todos descobrem que não podem viver sem bacalhau, o vinho sai comendo no centro, do Concha y Toro ao Carreteiro, ou galões imensos de Sangue de Boi, que Deus o tenha.

Sobre a Paixão de Cristo, tenho algo a lhes contar.

Há alguns anos, foi realizada uma encenação muito caprichada, aqui no Poço da Panela, com arquibancada e tudo o mais. Aconteceram alguns fatos que fugiram ao controle da organização, e por conta dos tais fatos inesperados, foi a última vez que a Paixão do Poço foi realizada. Após um exaustivo trabalho de reportagem, consegui descobrir o motivo do fim do evento em nossa comunidade. Vamos a eles.

Primeiro, tivemos problemas com o burrinho que trazia Jesus. Não se sabe ainda o motivo, mas o fato é que o dito animal vinha num passo lento, diria manco, com Jesus acenando, acho que com uma oliveira nas mãos, eu sempre confundo os episódios, mas pouco importa, o que importa é que na Paixão, Jesus chega num bucólico burrinho de algum canto. Lá pelas tantas, o jumentinho daqui arretou-se e saiu em disparada, atravessou a multidão e mudou os rumos da histórica cena. Muitas ruas depois, Jesus foi resgatado com vida, assustado e pálido, mas conseguiu retornar à encenação, após muita adulação com nosso jerico.

Tivemos problemas com Marco Careca, que foi escalado para ser um soldado romano. Marco é um sujeito simples daqui, um negro careca e com poucos dentes, vive de bicos, sempre passa de bicicleta com um sorrisão, mas não se enganem - é o pior jogador de futebol que já tive oportunidade de ver em campo. Pois bem, ele recebeu a roupa do soldado e incorporou mesmo o personagem. Com um chicote na mão, começou a fustigar Jesus (infelizmente não consegui descobrir quem interpretava Jesus).

“Calma, Marco, que isso é uma encenação. Tá doendo, visse?”, sussurrou Jesus, já bastante avariado e com as costas ardendo.

O sol estava de rachar e Marco, numa pose de soldado romano recém-contratado, não quis saber de acordo.

“Encenação o caralho, comigo é na vera”, respondeu, descendo mais uma chibatada no lombo do nosso Jesus Cristo.

A platéia achou lindo aquele realismo.

Sabe-se que Jesus apanhou pra caramba, até chegar à cruz, que estava aqui, defronte à Igreja do Poço. Amarraram Jesus. Novamente, Marcos Romano entrou em ação. Amarrou os pulsos de Jesus com toda a força que tinha, e a mão do camarada começou a ficar preta.

“Marco, tá doendo, cara”.

“Eu tô dizendo mesmo…”, respondeu o soldado Marco.

“Jesus levou foi prego nas màos, e tu não queres sofrer um apertinho…”

A situação estava complicada, quando uma galera de outro bairro chegou, e começou uma confusão com a moçada do Poço. Sei apenas que era uma rixa antiga. Daqui a pouco, o cacete estava comendo no centro, soldados romanos brigando com inimigos do outro bairro, os apóstolos dando pedradas em filisteus, Maria parece que se escondeu em Seu Vital, foi cacete até umas horas, até que a cruz, onde estava pendurado Jesus, começou a cair, e ninguém percebeu.

“Minha mão, minha mão”, gritava Jesus, mas os céus não se preocupavam.

Alguém acudiu Jesus, não sei se foi Maria, pode ter sido dona Da Luz, que sempre ajuda os outros.

Foi a última Paixão de Cristo por aqui. Depois dessa, ainda tentamos organizar uma Via-Sacra, mas a definição dos personagens foi uma confusão, acabou não dando certo, e somos muito preguiçosos para decorar as falas.

Outro dia, conversando com Marco Careca, aqui em Biu Coió, perguntei se era verdade as lapadas que ele tinha dado em Cristo.

“Ôx, e apois. Eu vou ficar alisando, é?”.

Tomou mais uma lapada de cana e completou, orgulhoso:

“Botei foi quente em Jesus”.

***

Samarone Lima é jornalista, professor de jornalismo e literatura, cearense e mantêm o blog Estuário onde arrisca uma crônicas quase-poesias.

O texto em questão foi publicado em 12/04/2006.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Obrigado Diego Souza

Ele e Keirrison me deram o melhor presente deste aniversário.

Espaço liberado para o comentário dos rubronegros. Acedito que hoje eles estejam mais humildes.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Envelheço na cidade - O valor de todos nós

Hoje não vou falar nada.

Quem vai falar é Marcos Valadão Rodolfo (vulgo Nasi), Edgard Scandurra, Ricardo Gaspa e André Jung, a formação original do Ira!



Pelo menos era isso que estava planejando. Porém ao final da tarde o blog foi vandalizado por torcedores do Sport por conta da vitória do mesmo sobre o Santa Cruz, meu time de coração, no clássico do último domingo. Os mesmos entraram no Blog do Santinha e usaram um link que deixei por conta de um comentário que fiz no texto corrente para chegar aqui e entupir o texto anterior de comentários ofensivos e que usaram de fortes termos preconceituosos para justificar uma suposta superioridade.

Bom, nazistas usavam argumentos parecidos para justificar o holocausto de judeus, eles estavam certos?

Isso não vem ao caso agora, primeiro vou listar os argumentos utilizados, acredito eu por uma única pessoa:
  • O Santa Cruz perdeu por ser de quarta divisão, e eles de primeira;
  • O Santa Cruz é um clube de mendigos;
  • O Sport é quem manda em Pernambuco;
  • O Santa Cruz vai enfrentar times inexpressivos em 2009 durante a Série D;
  • Os torcedores tricolores pagam ingresso com 1 Kg de alimento não perecível, ou com vale-transporte;
  • Segundo o próprio rubronegro o Sport é CAMPEÃO INVICTO, TETRA CAMPEAO 2009, MAIOR TORCIDA, 38 TITULOS PERNAMBUCANOS, CAMPEÃO BRASILEIRO SERIA A e B, CAMPEÃO DO NORDESTE VARIAS VEZES, CAMPEÃO E VICE DA COPA DO BRASIL. DUAS VEZES NA LIBERTADORES UMA NO SECULO XX E OUTRA NO SECULO XXI, MAIOR EM PATRIMÔNIO... (sic);
  • O Santa Cruz, que segundo o rubronegro é A TURMA DOS MENDIGOS, ENFIM, O TRICOCÔ DO LIXÃO DA MURIBEQUA (sic) vai fazer uma excursão para Orobó (PE) durante os dois meses que ficará parado antes do início da Série D.
A primeira coisa que tenho a dizer é que mesmo que o Sport tivesse 100 títulos pernambucanos, isso não vale nada tendo torcedores desta qualidade do qual usar o termo arrogância chega a ser um eufemismo. Muitos podem alegar que não devo generalizar a torcida do Sport por conta de uma (acredito eu) única pessoa, mas não é por conta apenas disso. Tenho vários amigos e até mesmo familiares rubronegros, isso sem contar os conhecidos, e excetuando minha Madrinha Ana e minha Tia Keda, TODOS já utilizaram no mínimo dois destes argumentos para exaltar seu clube e denegrir os seus adversários.

Porém não vou perder meu tempo descrevendo este tipo de gente, vou fazer um levantamento do que os torcedores do Sport consideram "a ralé", ou seja, aqueles que já estão com a vaga confirmada e que irão disputar a Série D junto com o Santa Cruz, exaltando cada um deles.

Araguaia - Campeão da Copa Governador do Estado do Mato Grosso.
Fundado em 1998, a Pantera ganhou seu primeiro título em 2008, começando assim a escrever a sua história.

Bangu - Classificado pelo estadual carioca.
2 títulos cariocas, 1 título da Taça Rio.
Conhecido por ter como ex-patrono o bicheiro Castor de Andrade, o Bangu chegou a ser vice-campeão brasileiro em 1985, perdendo para o Coritiba nos pênaltis diante de um Maracanã lotado. Revelou o craque Domingos da Guia.

Brusque - Campeão da Copa Santa Catarina.
1 título catarinense.
O Brusque é um clube relativamente novo (fundado em 1987) porém 5 anos depois foi campeão estadual em cima do Avaí e disputou a Copa do Brasil no ano seguinte.

Crac - Classificado pelo estadual goiano.
2 títulos goianos.
O Clube Recreativo e Atlético Catalano é o clube mais antigo de Goiás (1931) mesmo não sendo da capital. Ganhou seu último título (2004) batendo tanto Goiás como Vila Nova nos pênaltis. Está na semifinal do goianão 2009 onde vai enfrentar o clube esmeraldino novamente.

Cristal - Campeão amapaense.
1 título amapaense.
Ao conquistar seu primeiro estadual, o Cristal ganhou o direito de participar da Série C de 2008.

Fluminense de Feira - Classificado pelo estadual baiano.
2 títulos baianos.
Último time do interior baiano a conquistar o estadual no longínquo ano de 1969 e considerado o terceiro maior clube baiano, o Touro do Sertão tenta voltar a figurar no cenário nacional.

Ituano - Classificado pelo estadual paulista.
1 título brasileiro da Série C, 1 título paulista.
Foi rebaixado da Série B em 2007 e da C em 2008. Agora conquista a vaga para a disputa da Série D. Junto com Inter de Limeira e Bragantino, faz parte dos 3 únicos clubes do interior paulista a conquistar o estadual. Foi campeão da Série C em 2003 disputando um curioso quadrangular São Paulo-Paraíba (com Santo André, Botafogo-PB e Campinense).

Itumbiara - Classificado pelo estadual goiano.
1 título goiano.
Atual campeão goiano, o tricolor é conhecido por possuir uma torcida fanática. Isso ficou evidenciado quando o clube enfrentou o Corinthians pela Copa do Brasil e mesmo assim conseguiu colocar maioria na arquibancada, isso porque o jogo marcava a volta de Ronaldo Fenômeno aos gramados brasileiros.

Londrina - Campeão da Copa Paraná.
1 título brasileiro da Série B, 3 títulos paranaenses.
Dono da maior torcida do interior do Paraná, foi quarto colocado no campeonato brasileiro de 1977, quando ganhou o apelido de Tubarão por conta do filme homônimo de Steven Spielberg.

Macaé - Classificado pelo estadual carioca.
Fundado em 1990, profissionalizou-se em 1998 e chegou a elite do futebol carioca em 2007. Vai disputar sua primeira competição nacional.

Madureira - Classificado pelo estadual carioca.
1 título da Taça Rio.
Tradicional clube do subúrbio carioca. É conhecido por ser um grande celeiro de craques como Didi, Evaristo de Macedo e Jair da Rosa Pinto. Foi vice campeão carioca em 2006, perdendo para o Botafogo na final.

Mirassol - Classificado pelo estadual paulista.
Estreou na elite do futebol paulista em 2008. O clube terminou o estadual deste ano em sétimo lugar e com o segundo melhor ataque da competição, atrás apenas do líder Palmeiras.

Moto Club - Campeão maranhense.
2 títulos da Copa Norte, 24 títulos maranhenses.
Segundo maior campeão do estado, foi criado para competições sobre rodas. Já foi heptacampeão estadual e representa frequentemente o Maranhão em competições nacionais.

Paulista - Classificado pelo estadual paulista.
1 título da Copa do Brasil, 1 título brasileiro da Série C.
Clube que celebra seu centenário este ano, ganhou a Copa do Brasil em 2005 batendo o Fluminense na final. Um ano antes foi vice-campeão paulista, sendo derrotado pelo São Caetano na final. Assim como Ituano, Remo e Santa Cruz foi rebaixado da Série B em 2007 e da Série C em 2008.

Pelotas - Campeão da Copa FGF.
1 título gaúcho.
É celebre por seu uniforme ter sido "somente" a inspiração para o uniforme da Seleção Brasileira. Rivaliza na cidade com o Brasil de Pelotas.

Porto - Classificado pelo estadual pernambucano.
Ainda não está matemáticamente classificado mas dificilmente perde esta vaga. Clube que já foi duas vezes vice-campeão estadual (e consecutivas, com menos de 4 anos de existência), é conhecido por sua estrutura patrimonial exemplar.

Rio Branco - Classificado pelo estadual mineiro.
Só não se classifica se nem Atlético-MG e nem Ituiutaba se classificarem para as semi-finais do estadual. Com o fim do contrato do Flamengo com a Petrobras passou a ter o patrocínio mais duradouro do futebol brasileiro (com a indústria de louças Icasa) além de ser equipado pela inglesa Umbro.

Tocantins - Campeão tocantinense.
1 título tocantinense.
Ganhou seu primeiro título em 2008 e disputa seus primeiros torneios nacionais.

Tupi - Campeão da Taça Minas Gerais.
O clube de Juiz de Fora tem sido presença frequente no cenário mineiro. Porém sua torcida carijó é composta na maioria por torcedores de clubes cariocas.

Ypiranga - Classificado pelo estadual gaúcho.
Depois de muitos anos disputando a segundona gaúcha volta a elite, e no mesmo ano conquista a vaga para a Série D.

E fechando com chave de ouro:

Santa Cruz - classificado pelo estadual pernambucano.
24 títulos pernambucanos. Fita Azul do Brasil.
Clube de enorme torcida e dono de um dos maiores estádios do Brasil. O Santa Cruz é, dos times até então classificados, o mais vitorioso e mais tradicional. Em 2006 estava na Série A, mas foi acumulando rebaixamentos seguidos até o início de sua redenção este ano. É um dos favoritos à conqusita do título.

Tudo isto mostra quanta tradição está presente só nestes clubes aqui listados, e isso porque não estão listados times como América-RJ, Remo, CSA, Treze, Sergipe, Joinville, Anapolina e Operário-MS, clubes que já foram tradicionais e foram relegados ao ostracismo. Todos eles (tanto os listados como os não listados) tiveram grandes conquistas e grandes momentos de glória, em maior ou menor proporção, o que prova a efemeridade de uma grande quantidade de títulos ou de uma grande conquista. Exemplo disso são clubes como Paulista, Ituano e Bangu que já estiveram nas cabeças e hoje lutam para se reerguer.

E se quantidade fosse importante era melhor torcer para, digamos como exemplo, o Internacional. Ele não é o "Campeão de Tudo"? Então ele é infinitamente superior ao Sport se formos seguir este critério. Ou então vejamos: o Brasil é pentacampeão mundial de futebol, enquanto países como Canadá, Dinamarca e Suiça tiveram apenas uma ou duas participações em copas, e no fim das contas quem tem melhores índices de desenvolvimento? Pois é, vejam como tudo é relativo.

Futebol é fase e muitos destes times estão começando a galgar seus primeiros passos nacionais. Quem poderá dizer qual será o destino deles? Muitos podem começar a despontar e até mesmo a firmar-se no cenário nacional disputando e conquistando títulos se tornando grandes clubes vitoriosos. O futuro deles está começando a ser escrito agora.

Por fim a origem humilde do Santa Cruz está muito longe de ser motivo de vergonha. É essa gente humilde que contribui com o pouco que pode ser dispor que transformou o Santa Cruz no Teror do Nordeste. Já pessoas que achavam que tinham o rei na barriga apenas fizeram dilapidar um patrimônio construído com o tijolo e o suor de cada torcedor. Tanto catadores de lixo quanto empresários como Fernando Bezerra Coelho sentam na arquibancada do mesmo estádio, o que faz com que o Santa faça jus à alcunha de "O Mais Querido", de todas as classes sociais.

E para completar o cidadão menosprezou a bela cidade de Orobó.

Foi só dar uma brecha de liberdade nos comentários que as pessoas abusaram, este tipo de atitude já foi prato cheio para a implantação de ditaduras pelo mundo afora. A partir de agora o blog só permitirá comentários de pessoas que tiverem cadastro no Google. Espero que isso seja suficiente para fazer com este espaço volte a ter civilidade, pois não desejo contrariar o espírito do blog e passar a moderar os comentários.

Torcedores do Sport, sintam-se livres para postar comentários, seja criticando, seja defendendo a ação de seu(s) colega(s). Só peço que o façam de forma civilizada pois não me importo que continuem com este comportamento ridículo. O maior prejudicado são vocês que vão denegrir a imagém do próprio clube. Dependendo do nível debaterei com prazer a situação.

Em tempo: O SANTA CRUZ NASCEU E VAI VIVER ETERNAMENTE.

P.S.: Normalmente me refiro ao Sport como "coisa", porém este é um caso em que se exige uma exceção.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A fênix de havaianas

Charge de Bruno Mantovani, veja o trabalho dele em http://mantovani.zip.net/

Consegui bravamente acompanhar as duas primeiras corridas da Fórmula 1, ambas ocorridas do outro lado do planeta, o que fez com que as corridas fossem exibidas aqui de madrugada.

Sono vencido, pude presenciar o que muitos já diziam: A F1 virou de cabeça pra baixo, parece até um sonho surrealista para quem assistia até o ano passado e não acompanhou a pré-temporada. Equipes decadentes de uma hora pra outra tomam o lugar das grandes. Williams e Toyota que estavam quase a abandonar o circo de repente começam a correr nas cabeças.

O caso mais surpreendente é o da Honda. A montadora se retirou da F1 por conta da crise econômica e coube ao chefe de equipe Ross Brawn "realinhar" os carros da equipe no grid, agora dando seu nome para a agora Brawn GP. E assim que começaram os testes os carros ainda brancos deixaram os outros comendo poeira. O resultado é que um de seus pilotos, Jenson Button, ganhou as duas corridas realizadas até o momento.

Seu companheiro de equipe é um velho conhecido: Rubens Barrichello, e é dele que quero falar agora. Parafraseando o presidente Lula, nunca na história deste país um desportista foi tão injustiçado durante sua carreira como ele, e de uns tempos pra cá isso tem ficado tão evidente que já está se tornando um mantra falar assim de Rubinho.

Ele é azarado? Eu posso dizer que sim, e muito, mas não por uma suposta frequência de maus resultados, mas porque considero que ele foi o piloto certo na hora errada. Em suma: o azar dele foi ser o melhor piloto brasileiro correndo na F1 na ocasião da morte de Ayrton Senna, e como passamos anos acostumados com brasileiros ganhando corridas e disputando títulos (no caso Senna e Piquet - o pai) botaram ele pra fazer esse papel para alimentar a esperança da nação. Só esqueceram de dar a ele um carro tão potente quanto a McLaren que Senna usou para ser campeão, ou a Brabham que Piquet pai usou para a mesma coisa, e deixaram ele correndo numa Jordan com um dos piores motores do circo. Mesmo assim Rubinho tirou leite de pedra com destaque para a pole do GP da Bélgica daquele ano.

Depois disso foram anos de atuações discretas com carros mais fracos ainda, mas mesmo assim o brasileiro (sempre ele) achava que Rubinho ia destruir nas corridas. Como isso não ocorreu começaram a achincalhar o coitado chamando-o por exemplo de Rubinho Pé-de-chinelo.

Até que deram a ele o melhor carro que havia disponível - o da Ferrari. Agora vai não é mesmo? Não, não foi, pois deram um carro igualzinho para Michael Schumacher, e com ele o alemão destruiu quase todos os recordes possíveis e inimagináveis, não deixando nada nem pra Rubinho, nem pra seu ninguém.

Juntando tudo isso a Fórmula 1 viveu no Brasil um período semelhante ao que o Futebol viveu entre o tri e o tetra, permitindo até comparar Rubinho a um ídolo do futebol: Zico, que foi um craque indiscutível mas que nunca trouxe um tíulo mundial, o que marcou sua carreira tanto quanto o pênalti perdido contra a França em 1986.

Mas agora o vento parece finalmente soprar a favor do piloto, agora na Brawn GP, uma equipe com um carro inacreditavelmente forte pelo fato de ser uma equipe novata originada de outra que estava em estado falimentar. Até o momento nas duas últimas corridas o desempenho de Rubinho foi bem satisfatório e conseguiu resultados expressivos mesmo com os contratempos que surgiram como o difusor que quebraram na Austrália e o dilúvio na Malásia.

Poucos sabem mas Rubens Barrichello, o homem que mais correu GPs na história (foram 269, e contando) pode ser considerado o terceiro maior piloto brasileiro da história da Fórmula 1 mesmo sem nunca tendo sido campeão mundial, mas por possuir outras estatísitcas expressivas que superam o desempenho de Emerson Fittipaldi e, em alguns casos, até mesmo o de Nelson Piquet.

Por isso estou torcendo para que Rubens aproveite a oportunidade que lhe deram para mostrar todo o seu potencial já que agora ele não tem a mesma pressão que cercou toda sua carreira. Não vai demorar para que sua 10ª vitória na carreira venha se ele vier a confirmar nas corridas o mesmo desempenho da pré-temporada.

Por isso afirmo, o Pé-de chinelo renasceu. É a fênix de havaianas.

Eu estarei assistindo na expectiativa. A F1 não é a mesma da época de Senna como tanto aguardávamos, mas está tão interessante de acompanhar quanto.

***

Silverstone 2008 X Donington 1993

Atualização:
Em seu ano de estréia (1993) Rubens Barrichello largou em 12º no grid do GP da Europa daquele ano em Donington Park. A aula que Ayrton Senna deu na ocasião ofuscou o salto que Rubinho deu até a 4ª posição com uma Jordan-Hart, e na primeira volta, assim como Senna. Assim que passou Alain Prost e assumiu a 3ª posição um problema de injeção parou o carro a seis voltas do final.

Justiça seria feita quinze anos depois (2008) na mesma Inglaterra (mas agora em Silverstone). Desta vez largando em 16º, aos poucos ele foi galgando posições até terminar a prova em 3º, com um carro fraco e debaixo de chuva assim como naquele domingo em Donington. E assim quebrou um jejum de três anos sem subir ao pódio.


Outro capítulo marcante da carreira de Senna na qual Barrichello também foi personagem despercebido foi no fatídico GP de San Marino de 1994. No treino de sexta-feira, seu carro decolou na zebra da variante bassa e se esborrachou na proteção de pneus. Por conta do acidente ficou de fora desta corrida (que depois matou 2 pilotos e que por pouco Barrichello não entra na conta) e da seguinte em Mônaco. Mal sabia ele que esta corrida viraria um divisor de águas em sua carreira.

Um relato muito bem escrito do episódio se encontra no blog Cadernos do Automobilismo, de Daniel Médici.

Créditos da foto: Blog Voando Baixo.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Lerê, Lerê

Bernardo Guimarães

Hoje eu vou contar uma história sobre uma história, e vou contar esta história de uma maneira diferente.

Barnerdo Guimarães nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, em 1825 mas com quatro anos se mudou para Uberaba. Também moraria no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde se formou bacharel em direito.

Passa a exercer a profissão sendo nomeado para assumir o cargo de juiz municipal em Catalão. Isto ocorreu por duas vezes. A primeira foi em 1852 quando exerceu o cargo por dois anos. Porém foi na segunda passagem, na qual assumiu o cargo interinamente, que ocorreu uma das passagens mais interessantes de sua biografia. Impressionado com as más condições em que os presos eram mantidos Bernardo resolve julgar 11 réus, que ao final são absolvidos e soltos. O presidente de Goiás chegou a processar Bernardo por isso mas o processo não vingou por conta de mudanças no Governo. Resultado: o juiz titular foi transferido e Bernardo ficou no cargo até 1863.

Se isso serviu de inspiração não sei mas no ano de 1875 o movimento abolicionista já possuía contornos fortes, tanto que já começavam a conquistar avanços (a Lei do Ventre Livre já vigorava há quatro anos). Some-se a isso o fato de o Brasil ter contado na Guerra do Paraguai com milhares de combatentes negros, muitos inclusive voltando condecorados, que mesmo assim ao fim da guerra temiam voltar a condição de escravos.

A escravidão já começava a apresentar sinais de desgaste contundentes, e foi dentro deste contexto que Bernardo Guimarães escreveu sua mais célebre obra: A Escrava Isaura, cuja primeira edição foi publicada pela Casa Garnier no Rio de Janeiro.

O livro em si não tem cunho abolicionista pois nem chega a entrar em detalhes sobre o regime escravocrata. Porém o livro foi um sucesso editorial à época por conta da inovação - a escrava em questão é branca e possui esta condição por ser de mãe negra, além disso sofre nas mãos de um senhor inescrupuloso, coisa típica de folhetim - o que atingiu as mentes do público que consumia livros deste tipo como as mulheres da sociedade que gostavam de histórias como a de Isaura.

Sim, o livro nasceu como um sucesso, tanto que o próprio imperador D. Pedro II em viagem a Ouro Preto fez questão de conhecer Bernardo Guimarães e solicitar sua obra completa autografada pelo autor. Tal acontecimento parou a cidade, pois na época não era comum tal visita ocorrer. Também, naquela época as distâncias a percorrer eram muitas e pareciam longínquas comparado aos tempos atuais, parecia-se até que se estava indo para a China.

Bernardo pode viver o suficiente para usufruir da fama, mesmo avesso a pompa. Porém obviamente não poderia viver para ver até onde sua obra iria alcançar.

Exatamente um século depois o mundo era muito diferente do de 1875. Carros, aviões, telecomunicações, imprensa de massa e... televisão. Pelas mãos de Gilberto Braga a obra ganharia uma versão televisiva no horário das 18h da TV Globo, com Lucélia Santos no papel de Isaura. Detalhe: era o primeiro papel da atriz na televisão.



Pelo menos no Brasil não é possível medir se a novela teve proporcionalmente menos ou mais sucesso do que o livro de Bernardo Guimarães em sua época, mas teve (muito) sucesso e isso é o que vale.

Porém a mesma virou um marco da televisão brasileira não só por isso, foi principalmente porque as agruras pelas quais Isaura passou rodaram o mundo, fazendo com que a novela fosse vista em quase 80 países (e com sucesso em quase todos). Isaura chegou a parar guerras (na Bósnia e na Croácia), mudar políticas (em Cuba) e até mesmo inserir palavras (na Rússia). No Brasil foi campeã de reprises - 5 vezes - sendo uma apenas para o Distrito Federal por conta das eleições de 1985.

O maior feito de Escrava Isaura porém ocorreu bem longe, mais longe do que o Rio e Ouro Preto eram em 1881. A novela foi exibida na China em 1984 pelo canal estatal CCTV e teve o mesmo sucesso que teve em outros lugares. Mas agora estamos falando do país mais populoso do mundo e a exibição do último capítulo da novela foi assistida por mais de 400 milhões de pessoas (isso mesmo, você leu certo, 400.000.000 de pessoas!) entrando no Livro dos Recordes como a maior audiência de um programa de TV na História*. Se fôssemos utilizar a metodologia do Ibope para a medição de audiência daTV brasileira (1 ponto = 176.000 pessoas) teríamos incríveis 2272 pontos no Ibope.

Hoje Lucélia Santos possui status de celebridade em vários países por conta da novela, fato que não se dissipou mesmo a novela tendo sido exibida pela primeira vez há mais de 30 anos atrás. Além disso Isaura voltou a ser amarrada no pelourinho em uma nova versão exibida pela TV Record, com Bianca Rinaldi interpretando a protagonista. Esta versão também obteve sucesso e foi uma das responsáveis pela consolidação do núcleo de dramaturgia da emissora.

Ao levar o livro para o prelo no longínquo ano de 1875, Bernardo Guimarães jamais poderia imaginar o alcance que sua obra teria, ainda mais em escala planetária. E para a história além do livro ficou a novela e sua indefectível música de abertura.

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*Claro que existem eventos mundiais que tem mais audiência como a entrega do Oscar e a final da Copa do Mundo, mas são transmitidos por diversas emissoras, enquanto A Escrava Isaura foi transmitida apenas pela CCTV.

Fontes: Wikipédia, Site Teledramaturgia e Vida e Obra de Bernardo Guimarães (mantido por descendentes do escritor).

Lucélia Santos (Isaura) em mandarim.